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Torá em Português

Old Hebrew Prayer Book

Parashat Vaierá

Abrindo os Olhos

Tradução de español: David Abreu

E viu Sara o filho de Hagar, a egípcia, que ela havia dado a Abraão, que havia dado à luz, então ela disse a Abraão: “Expulse esta escrava e seu filho, pois o filho dela não herdará junto com meu filho, com Yitzchak (Isaque)” (Bereshit 21).

Abraão, certamente com muita dor, obedece à ordem da esposa (Alguém disse uma vez que este foi o primeiro "Sim, querida" da história).

E Hagar partiu com Ismael com um suprimento mínimo de água para o deserto implacável de Beer Sheva. Em poucos dias, a sede os venceu. E quando Hagar pensou que seu filho Ismael estava morrendo, Deus abriu seus olhos e Hagar avistou um poço de água com o qual pode matar sua sede.

É interessante observar e analisar a natureza desse milagre. O rabino Harold Kushner assinala que Deus não fez um milagre para Hagar como entendemos os milagres. Não criou um poço de água que não estivesse ali antes. Deus abriu seus olhos para que ela pudesse ver o poço que ela não havia notado antes, e de repente aquele mundo cruel se tornou um lugar apto para a vida.

O poço esteve lá o tempo todo. Deus só abriu seus olhos para ela ver o que até um momento atrás era invisível diante de seus olhos.

Muitas vezes cercados de problemas, nós também ficamos cegos. As soluções parecem distantes, os problemas abundam e o desespero aumenta.

A verdadeira paz interior não consiste em não ter problemas. Em vez disso, está na capacidade de abrir os olhos e apreciar a luz no fim do túnel e a ordem em meio ao caos.

Abrir os olhos é entender que o mundo não é tão cruel como muitas vezes nos parece.

Hagar estava desesperada. O mundo se voltou contra ela. Deus a abençoou com a habilidade de encontrar beleza naquele deserto, de encontrar harmonia e paz em meio à sua perplexidade.

Conta-se de um rei que ofereceu um grande prêmio ao artista que conseguisse alcançar a paz perfeita. Muitos artistas tentaram. O rei observou e admirou todas as pinturas, mas havia apenas duas das quais ele realmente gostou e teve que escolher entre elas.

O primeiro mostrava um lago muito calmo. Um espelho perfeito onde se refletiam as plácidas montanhas que o circundavam. Acima deles havia um céu muito azul com finas nuvens brancas. Todos que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia uma paz perfeita.

A segunda pintura também tinha montanhas. Mas estes eram ásperos e sem verde. Acima deles estava um céu furioso do qual caiu uma chuva impetuosa com raios e trovões. Uma torrente espumante de água parecia ressoar montanha abaixo. Bem pouco pacífico, a propósito.

Mas quando o rei olhou com cuidado, ele olhou atrás da cachoeira para um arbusto delicado crescendo em uma fenda na rocha. Neste arbusto havia um ninho. Ali, em meio ao rugido da violenta cachoeira, um passarinho pousou placidamente no meio de seu ninho.

Paz perfeita. O rei escolheu o segundo, e explicou: Paz não significa estar em um lugar sem barulho, sem problemas, sem muito trabalho ou sem dor. Paz significa que apesar de estarmos no meio de todas essas coisas, permanecemos calmos em nossos corações.

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