Torá em Português
Parashat Vaiakhel
A Corrida do Ouro
Tradução de español: David Abreu
Nossos sábios de abençoada memória têm se perguntado repetidamente por que D`us criou o ouro. Não estaríamos melhor sem o vil metal? Não teríamos evitado centenas de guerras, mortes e lágrimas?
Em uma passagem poderosa do Midrash, Rabi Shimon ben Lakish pergunta exatamente isso. E ele mesmo responde que o ouro foi criado apenas para servir a propósitos divinos, como embelezar o mishkán e o Templo de Jerusalém (Shemot Rabba 35, 1).
Bem sabemos que o ouro foi uma das principais contribuições para o mishkán, como lemos na Parashá desta semana. Esse mesmo metal que havia dado forma ao bezerro, agora dava vida às ao mais nobres fins. Aquele mesmo ouro que havia exaltado a D`us agora o embelezava.
Rabino Aizel Charif diz a respeito do pecado do bezerro:
Vale a pena notar a diferença que existe entre essa geração e a nossa. Nossos ancestrais - mesmo quando pecaram - estavam dispostos a se desfazer de seu ouro e prata para fazerem para si um D`us. Os judeus de nossa geração, por outro lado, livram-se de seu D`us para se fazerem ouro e prata ...
Tamanho é o poder do dinheiro.
Quem o usa como meio e o consagra para fins nobres, investindo na educação, ajudando os que têm menos e promovendo o desenvolvimento das instituições judaicas, alegra o Céu e D`us se alegra.
Porém, aquele que o usa como fim em si mesmo e o consagra apenas para satisfazer seus próprios apetites, provoca ira no céu e é pobre mesmo quando tem tudo.
Li há pouco que em 1922 o Tesouro dos Estados Unidos cometeu um erro vergonhoso. Na hora de cunhar suas moedas, em vez de carimbar o lema que acompanha cada nota e cada moeda americana desde o seu início (In G-d we trust, Em D'us confiamos), gravaram o slogan 'No OURO confiamos' (Acreditamos no ouro).
Possivelmente a busca pelo ouro como fim seja uma das maiores expressões do Avodá Zará (idolatria) no mundo moderno. E um dos maiores desafios que enfrentamos na vida é saber decidir onde queremos consagrar o muito ou ou pouco que temos.
Quando em Bereshit 28 somos informados do sonho da escada de Yaakov Avinu, nossos sábios nos dizem que D`us estava realmente mostrando dois de seus descendentes no sonho: Moshe e Korach.
Por que exatamente eles?
Possivelmente porque ambos eram homens de fortuna. Mas um (Moshe) a consagrou ao Céu, tornando-se o pai de todos os Profetas e mestre de todo Israel. Enquanto o outro (Korach), a consagrou aos miseráveis interesses, e acabou sendo engolido pelo abismo.
Não esqueçamos que a palavra 'Sulam' (escada) tem o mesmo valor numérico em hebraico (136) que a palavra 'Mamón' (dinheiro). Poucas coisas no mundo podem nos aproximar tanto do Céu e, ao mesmo tempo, nos afastar tanto dele: o ouro é uma delas. Conseqüentemente, a escada de Yaakov também representa a maneira como nos relacionamos com o dinheiro.
Decidimos em qual degrau dessa escada queremos estar. Se quisermos estar perto de Moshe ou perto de Korach. Se quisermos subir ou descer. Se quisermos dançar com o bezerro ou marchar com o mishkán.
Tudo vai depender do uso que fizermos dele.